quarta-feira, 24 de fevereiro de 2016

Breves considerações sobre a Luzerna

Medicago sativa, conhecida pela denominação comum de “luzerna” ou “alfafa”, é uma leguminosa  bastante utilizada na dieta de ruminantes, em regiões de clima temperado e seco. Alfafa, significa em árabe "o melhor alimento".

É uma matéria-prima bastante versátil, podendo ser consumida em pasto ou conservada, na forma de feno, silagem ou desidratada artificialmente. No entanto, devido ao seu excelente valor forrageiro aliado às suas características de crescimento e rápido desenvolvimento, é maioritariamente utilizada como feno.


A Luzerna é a leguminosa forrageira com maior capacidade produtiva, produzindo forragem com um elevado teor proteico e tendo um elevado valor biológico.

Análise Química (%)
Proteína Bruta
12 - 15
Gordura Bruta
3 - 4
Fibra Bruta
25 - 27
Cinzas Totais
13 - 16

Os maiores consumidores de luzerna são os ruminantes, podendo também ser utilizada na dieta de equinos e pequenos roedores.

É importante referir a presença de saponinas, o que pode limitar a sua utilização devido ao risco de provocar timpanismo nos ruminantes – distensão acentuada do rúmen e retículo. Esta situação deve-se à incapacidade de expulsão dos gases produzidos durante o processo de digestão, provocando um quadro grave de dificuldade respiratória e circulatória no animal que pode, em última instância, resultar na sua morte.


Porém, os teores de saponina variam muito consoante a variedade de luzerna. Ao favorecer-se o cultivo de variedades com baixo teor de saponinas, não constitui um factor limitante ao consumo de luzerna em pasto, sendo uma fonte de alimento amplamente utilizada.

MV | Filipa Severo
Vitor Pereira – Rações, Unipessoal, Lda.

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2016

Breves considerações sobre a Soja

Soja (Glycine Max), pertencente à família das leguminosas, é a principal fonte de proteína vegetal utilizada na alimentação animal. As principais formas utilizadas são o grão e o farelo (bagaço de soja).



O bagaço de soja é o subproduto obtido após a extração do óleo do grão da soja. Dependendo do processo de extração pode ter 44 a 48% de proteína bruta.

Análise Química (%)
Proteína Bruta
44 – 48
Gordura Bruta
1,5 – 2
Fibra Bruta
4,5 – 6
Cinzas Totais
6 - 7

A soja apresenta algumas limitações nutricionais, nomeadamente:

- inibidores da tripsina – está descrito que provoca alterações metabólicas no pâncreas com aumento de secreção enzimática, hiperplasia e hipertrofia do órgão e redução da taxa de crescimento do animal.

- urease - enzima que acelera a hidrólise da ureia no rúmen. Deste modo, não é recomendada a utilização do grão de soja cru e ureia em conjunto na dieta de ruminantes, de forma a evitar intoxicação por acumulação de amoníaco.

- lectinas - proteínas com capacidade de provocar aglutinação, cuja interação celular a nível intestinal interfere na digestibilidade e absorção de nutrientes.

- ácido fítico - reduz a disponibilidade de minerais, como por exemplo Zinco, Cobre, Ferro e Crómio.

- saponinas - associadas a alterações na permeabilidade da mucosa intestinal interferindo com a absorção de nutrientes.

A incorporação desta matéria-prima em dietas de animais monogástricos, como suínos e aves, exige que seja processada de modo a inativar enzimas ou inibidores enzimáticos, que podem interferir na eficiência alimentar e bem-estar animal.

Deste modo, foram desenvolvidos vários métodos de processamento, nomeadamente a extrusão. Neste seguimento, tornou-se igualmente importante o controlo de qualidade através de análises regulares para verificar se o processo ocorreu de forma adequada, inactivando estes factores sem afectar a qualidade proteica da soja.

Os bovinos podem ingerir grãos de soja sem a necessidade de tratamento térmico, podendo esta matéria-prima ser incorporada na ração conforme as suas necessidades proteicas. No entanto, é importante considerar que se o grão sofrer processo de trituração, deve ser fornecido num curto espaço de tempo (aproximadamente uma semana), uma vez que a presença de um elevado teor de gordura acelera a sua degradação, provocando rancificação.

MV | Filipa Severo

Vitor Pereira – Rações Unipessoal, Lda.

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2016

Breves considerações sobre a Aveia

Avena sp., pertencente à família das gramíneas, faz parte tanto da alimentação animal como da humana. Na alimentação animal pode ser usada em diversas apresentações como, por exemplo, em flocos, em grãos ou em forragem.

No mercado, é comum o acesso a aveia preta (Avena strigosa) e a aveia branca (Avena sativa), sendo que a última tem mais expressão a nível nacional.

Comparativamente a outros cereais, a aveia destaca-se principalmente pelo seu teor elevado de proteína, fibra e gordura, com predominância de ácidos gordos insaturados.



A aveia contém proteína de elevada qualidade, uma vez que a sua composição em aminoácidos está maioritariamente de acordo com os padrões exigidos pela FAO (Food and Agriculture Organization of the United Nations). Tal como acontece noutros cereais, os aminoácidos lisina e treonina são limitantes, já que os seus teores são inferiores aos valores padrão exigidos.

Relativamente aos hidratos de carbono, o amido destaca-se como o seu constituinte mais abundante na aveia. Porém, é principalmente devido a possuir um elevado teor lipídico que este cereal constitui uma ótima fonte de energia.

Análise Química (%)
Proteína Bruta
9 – 11
Gordura Bruta
2 – 4
Fibra Bruta
9 – 12
Amido
36 - 38
Cinzas Totais
2 - 3

A aveia não é o alimento mais indicado para incluir na fase de engorda dos animais, por isso, é usada com restrição neste tipo de ração.

Na alimentação das aves, deve-se limitar a sua utilização devido ao seu elevado teor de fibra, não sendo aconselhável uma incorporação maior do que 15% nas rações.

Por outro lado, a aveia constitui o alimento básico dos cavalos, sendo particularmente importante na alimentação de cavalos de corrida que precisam de um aporte maior de energia.

Tanto os cavalos como os coelhos são herbívoros não ruminantes, tendo o ceco bastante desenvolvido, pelo que é importante incluir um teor de fibra adequado na dieta de forma a promover o bom funcionamento do sistema gastro intestinal.

Nos coelhos há que ter em atenção a proporção adequada de amido/fibra. Se a dieta contiver um teor baixo de fibra e elevado teor de amido, propícia a ocorrência de distúrbios na flora intestinal, causando diarreias que podem resultar em elevadas taxas de morbilidade e mortalidade dos animais. Desta forma, a escolha de aveia como uma boa fonte de fibra a incorporar na dieta, pode evitar este tipo de situações.




Na armazenagem, este cereal de modo geral apresenta alguma estabilidade especialmente devido ao seu baixo teor de humidade e resistência a factores externos. No entanto, é importante considerar que a presença de lípidos aliada à presença de enzimas hidrolíticas, poderá condicionar o seu prazo de validade. 

MV | Filipa Severo
Vitor Pereira - Rações Unipessoal, Lda.


quarta-feira, 3 de fevereiro de 2016

Breves considerações sobre o Sorgo

Sorgo (Sorghum bicolor), pertencente à família das gramíneas, com possível origem africana, é o quinto cereal mais produzido no Mundo, ficando a sua produção atrás da de trigo, arroz, milho e cevada. Na alimentação animal, pode ser utilizado na forma de forragem, silagem e grão. Os grãos podem ter cor variável, desde o branco ao vermelho.



O grão de sorgo apresenta uma composição semelhante à do milho, podendo substituir parte do mesmo na formulação da ração. Em alguns países, esta prática é particularmente vantajosa devido ao reduzido custo deste cereal, o que por sua vez vai diminuir o preço da ração.

Comparativamente ao milho, o sorgo contém:

- 90 a 95%  da sua energia;
- Maior teor de proteína bruta, mas baixo teor de isoleucina e leucina;
- Menor teor de gordura;
- Menor digestibilidade.

Análise Química (%)
Proteína Bruta
8 - 13
Gordura Bruta
1,5 – 2,5
Fibra Bruta
2 - 3
Amido
60 - 64
Cinzas Totais
1,5 - 2







  

O valor nutricional do sorgo é acentuadamente influenciado pela presença de compostos fenólicos, os taninos. A concentração de tanino depende da variedade de sorgo.

Acredita-se que estas substâncias estejam diretamente relacionadas com o desenvolvimento de um mecanismo de defesa da própria planta às condições adversas do ambiente, como o ataque de fungos, pragas e pássaros, tornando-as mais resistentes.

Se por outro lado, um teor de tanino elevado vai conferir-lhe resistência no cultivo, por outro, vai afetar diretamente a digestibilidade dos nutrientes presentes no cereal e consequentemente o seu aproveitamento pelo animal.
Os efeitos da presença de tanino traduzem-se na redução na digestibilidade da matéria seca e dos aminoácidos e na redução do valor energético do sorgo. Nos animais que o ingerem, observa-se uma menor conversão alimentar e, consequentemente, um menor ganho de peso.

Deste modo, o sorgo destinado ao consumo animal deve conter no máximo 1% de taninos, expressos em ácido tânico, recomendando-se a trituração ou moagem do grão, de forma a aumentar a sua digestibilidade.

Este cereal pode ser incorporado em rações de ruminantes e não ruminantes.

Têm sido realizados vários estudos acerca da incorporação de sorgo na alimentação de bovinos em diversas fases de vida, com resultados satisfatórios.

Na alimentação de suínos, o sorgo pode substituir parcial ou totalmente o milho como fonte energética, desde que sejam ajustados os teores nutricionais com os outros ingredientes e considerada a implicação da presença de tanino.

No caso das aves, recomenda-se uma substituição do milho até os 50% e adição de pigmentos para valorização da carcaça e gema de ovo, uma vez que o sorgo é pobre em carotenos e xantofilas.

Ao longo dos anos tem vindo a ser desenvolvidas culturas com baixos teores de tanino, através do melhoramento genético. Este facto permite que o sorgo tenha maior importância na alimentação animal e ganhe maior participação no mercado de rações.

MV | Filipa Severo
Vitor Pereira - Rações Unipessoal, Lda.